terça-feira, 30 de outubro de 2007

Artigo do empresário e cronista obidense MIGUEL CANTO, postado em abril/2007 no Portal de Óbidos (www.portaldeobidos.com.br)


AS DÚVIDAS DO SEPARATISMO
Miguel Canto - miguelccanto@hotmail.com

Esplendoroso eu diria está se transformando o debate sobre a divisão política do Estado do Pará. Salutar eu também diria porque oportunizando todas as camadas da sociedade, permite uma liberdade de expressão que empolga pelo conteúdo e com absoluta certeza solidificará idéias para o juízo final do problema.

A participação no debate dos notáveis da literatura regional deixa bem claro a dimensão do trabalho que será feito para a conscientização dos responsáveis pela decisão que envolve políticos e população ao mesmo tempo.

Refiro-me aqui ao delicado assunto apoiado em alguns conhecimentos adquiridos pela longevidade do problema, que já me proporcionou até a oportunidade de participar de uma embaixada junto com alguns políticos desta área, até Brasília, diga-se de passagem, com as minhas despesas incluindo passagem aérea, sob minha inteira responsabilidade para ouvir as opiniões de renomados congressistas como deputados e senadores, sobre a criação do Estado do Tapajós.

Na verdade o que mais estava me interessando no momento era mesmo conhecer um pouco mais aquela monumental estrutura onde funcionam os poderes de mando e desmando que atingem a todos nós, tudo sob a égide do tão famoso Estado Democrático

Deixando de lado as opiniões demagogas, as mais sinceras e as mais centradas incluindo até mesmo a do senador na época, Jarbas Passarinho paraense como nós eram todas negativas. O argumento principal era apoiado justamente no que se ouve até hoje. Falta de infra-estrutura que além de penalizar a união, tirava do Estado do Pará uma das áreas mais interessantes em riquezas naturais, fonte da arrecadação de impostos mantenedores dos mais de cem municípios que contém o Estado. Além disso, um novo Estado só serviria para satisfazer determinados interesses pessoais de alguns políticos da região e acabaria sobrando para nós, a população, os encargos pertinentes através de impostos para o funcionamento das autarquias inerentes a composição do novo Estado.

Nós que moramos em Óbidos, e disso nos orgulhamos, não concordamos com esses argumentos e conseqüentemente não temos dúvidas que o melhor seria a divisão. Deixando de lado o “bairrismo”, temos que admitir que a presença do Estado do Pará em Óbidos se resume atualmente, às visitas eleitoreiras em véspera de eleições. A menos que estejamos muito mal informados, nada justifica querermos permanecer no estado de abandono imposto pelos órgãos estatais, sobrecarregando de encargos a administração municipal que vive se arrastando nessas conseqüências. Enquanto isso, apesar da divulgação de todo o mar de lama abrigado no seio da corrupção nacional, se argumenta que a união não teria como subsidiar a estrutura do novo Estado. Será que dá para acreditar?

Preferimos apostar que o maior prejuízo seria na verdade para os políticos atuais contestadores do projeto. O que se torna urgente e necessário é mesmo o surgimento de novas lideranças para que possam estar mais próximas do poder central do Estado e conseqüentemente dos problemas esquecidos por uma administração distante formatada em interesses meramente particulares.

Nossa preocupação pelo abandono de Óbidos se torna pertinente quando sabemos do grande número de pacientes do hospital da Santa Casa de Misericórdia, (o único existente), que são diariamente despachados para morrer em casa por falta de leitos para acolhê-los. Temos absoluta certeza que se a administração central estivesse mais perto, o assunto já teria tomado outras dimensões, outro direcionamento.

Estão construindo em Óbidos um novo hospital. Será que ele será concluído? Aqui para nós a novidade na demagogia política é começar as obras com muito alarde e abandonar a construção durante a primeira etapa de maneira cínica e calada deixando tudo para a próxima administração. Temos como exemplo a construção de um famoso terminal hidroviário. A construção inacabada do velho cais de arrimo que representa vergonhosa imagem para quem visita nossa cidade além de grande ameaça para quem passa por perto dos prédios da primeira rua que se encontram em zona de risco pela invasão das águas do rio Amazonas. E também a construção do prédio do Poder Legislativo Municipal onde até as placas de propaganda já não existem mais.

E por não sabermos quem é quem na escala das responsabilidades, que venham nossas aspirações. Vamos apostar na geografia que nos aproxima. Vamos apostar em novas lideranças que certamente surgirão menos comprometidas e mais presentes nos problemas que chegam a gerar grande preocupação para quem vive nesta região.

Que venha o novo Estado do Tapajós.

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