terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Análise do trabalho do Ipea

sobre novos estados: o oeste do Pará



por Moacyr Mondardo Jr. (*)



Do texto para discussão que o IPEA publicou em dezembro/2008, extraímos os dados abaixo, referentes ao Pará, em contraposição com a região Norte e o Brasil.


PIB - bilhões Reais

POP Milhões Hab

ÁREA -Mil km2

Número de Mun.

Gastos Estaduais em 2005 - GET

% PIB

Dados





Bilhões Reais


Pará

39,15

6,971

1253,16

143

5,69

14,54

Região Norte

106,522

14,699

3869,54

449

20,02

18,79

Brasil

2147,239

184,184

8544,42

5564

273,53

12,74


PER CAPITA

Reais/Hab

817,00

1362,00

1485,00



Neste quadro nos chama atenção dois dados:

1º) o gasto estadual per capita do Pará de R$ 817,00/hab é bastante inferior a média da região norte e do Brasil. É 40% inferior a média da região Norte e 45% inferior a média Brasil.


2º) em relação ao PIB do próprio estado (14,54%) é inferior a média da região Norte (18,79%), mas é um pouco superior a média Brasil (12,74%).


Considerando os dados do trabalho, no quadro a seguir transcrevemos as informações quanto ao projeto considerado do Tapajós e Carajás. O trabalho deduziu uma fórmula para calcular o gasto do Estado em relação ao PIB - População, Área e Número de Municípios. Essa fórmula foi deduzida por regressão dos dados do conjunto dos estados brasileiros: GET = 0,83214 +0,07497 PIB + 0,56469 POP – 0,00022 Area – 0,00217 NM (a fórmula 4 do trabalho está publicada com sinal errado na última parcela, observar dados da regressão nas tabelas 3 e 4)

Nesta fórmula o GET (gasto estadual total) está em milhões de reais e relaciona-se ao ano de 2005.


Neste cálculo, está explícito que um Estado Novo custa no mínimo 832,14 milhões de reais de gastos estaduais.


Na tabela seguinte, recalculei os dados (apresentou uma pequena diferença quanto ao Carajás), e adicionei também a configuração em relação a esse trabalho do Tapajós + Xingu, composto por 25 municípios, englobando grande parte do oeste do Pará. Na minha opinião, teria ainda que ser discutido a agregação a esse conjunto dos municípios de Anapu, Senador José Porfírio, Pacajá, Gurupá e Porto de Moz.




Possibilidades de Estado no Pará

Parcela Fixa Fórmula

0,83214



PIB Bilhões Reais

POP Milhões Hab

ÁREA - Mil km2

Número de Municípios

Gastos Estaduais em 2005 - GET

% PIB

PER CAPITA

Coef Fórmula

0,07497

0,56469

-0,00022

-0,00217

Bilhões Reais


Reais/Hab

CARAJÁS

8,204

0,907

228,347

44

1,81

22,11%

1999,19

TAPAJOS

3,743

0,845

392,947

20

1,46

39,00%

1728,33

XINGU

0,972

0,268

325,193

5

0,97

100,24%

3633,21

TAP+XINGU

4,715

1,113

718,140

25

1,60

33,97%

1439,42


Por esta tabela verifica-se que o Xingu, composto por apenas 5 municípios, teria um gasto estadual estimado superior ao seu PIB em 2005, que é aonde o IPEA identifica a inviabilidade, juntamente com os projetos quanto a novos estados na região atual do estado do Amazonas.


Observemos, entretanto, que a configuração Tapajós + Xingu, com 25 municípios, teria um GET per capita de R$ 1.439,42, inferior a média Brasil (R$ 1.485,00)


Essa configuração implicaria que gasto estadual adicional? Poderia ser de uma forma simplificada essa média menos a média Pará multiplicada pelo número de seus habitantes (1439,42 – 817,00)* 1,1128 = 692,6 milhões de reais/ano.


Observo que essa configuração superaria algumas observações do estudo: esse estado teria população em 2005 superior a 1,1 milhão de habitantes (o estudo critica os estados com população inferior a 500 mil habitantes). O seu gasto estadual seria inferior a média Brasil, entretanto ainda teria um peso em relação ao PIB significativo (33,97%). Entretanto qual seria o efeito sobre esse próprio PIB de uma nova unidade federativa com gastos anuais de 1,6 bilhões?


Certamente esse PIB cresceria, além das expectativas atuais na região de novos investimentos. Observo que a carga tributária brasileira sobre o PIB, englobando aí União, Estados e Municípios esteve em 2007 em 34,97¨%., para termos um outro parâmetro de comparação (fonte: www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/CTB2007.pdf).


Com estes números não parece tão díspar ou fora de propósito a criação do estado do Tapajós (com 25 ou até 29 municípios).


Que tal um desafio para tornar isso mais fácil: melhorar o gasto público pelos gestores dos municípios, que deverão ser os futuros gestores do novo estado? Que tal, como o Aldrin Hamad propôs: assumir a bandeira preservacionista, do desenvolvimento sustentável?


Uma pequena lista de desafios:

- Educação e Responsabilidade Fiscal. Qualidade no gasto público.

- Transparência: publicar na internet seus relatórios orçamentários, efetuar audiências públicas para discutir investimentos significativos, publicar suas licitações, todas as concessões de benefícios que fizerem (por exemplo bolsas de estudo), etc.

- Responsabilidade, Aperfeiçoamento e Valorização do servidor público, inclusive com melhor remuneração.

Outra pergunta: do orçamento de 10,8 bilhões do estado do Pará para 2009, quanto será dispendido nesta região, tanto em termos de custeio quanto investimento?


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* Engenheiro, é delegado da Receita Federal em Santarém.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mais um blog a favor de nossa luta!

UM NOVO ESTADO É PRECISO?

Essa semana, estarei com dificuldades de postar aqui no blog, por conta de uma atividade que estarei acompanhando apartir de amanha, na cidade de Guarulhos-SP, o 11° Conselho Nacional de Entidades Gerais da União Brasileira dos Estudantes Secundaritas UBES.
Hoje, quero de forma bem rápida, deixar recomendada a leitura do blog "Tapajós Já", um blog criado por um morador do OESTE do Pará, que é favorável a sua emancipação e a constituição dessa região como o mais novo estado da federação. Endereço: http://www.tapajosja.blogspot.com/
Nos vários posts no blog, o autor faz a defesa incansável de reparar uma grave injustiça com o povo da região do Rio Tapajós. Em um paragrafo ele afirma "Uma mentira de um século e meio, por exemplo, é a Santarém-Cuiabá, somente mais velha do que a idéia do Estado do Baixo Amazonas ou do Tapajós. Nos últimos 30 anos todos os presidente e candidatos a presidente, de Figueiredo a Lula, prometeram concluir a estrada, que só não é asfaltada em território paraense."
Na próxima semana, farei uma análise da minha visão sobre a criação do Estado do Tapajós e de outras propostas de emancipação na região norte. Baseado na experiência de Tocantins.
Postado por "O CURUMIN"

Posta em www.ocurumin.blogspot.com