sábado, 1 de maio de 2010

Permitir a cada parte administrar o que tem não é farsa

*JB Silva

A respeito da entrevista da professora Amarílis Tupiassu, divulgada na edição desta quarta-feira, 28, no jornal O Liberal, garante que é fácil à falar contra a divisão do Estado do Pará de um gabinete da UFPA (Universidade Federal do Pará) em Belém, sem analisar a fundo as desigualdades sociais existentes entre o povo do norte e os moradores do sul e sudeste paraense. A vida aqui poderia ser bem melhor se esta parte do Estado administrasse o recurso que arrecada, visto que dos 100% de impostos aqui arrecadados retornam pouco mais de 10% para a região. Desta forma, permitir que cada parte administre o que arrecada jamais poderia ser considerado uma farsa como ela se reporta.

Por conta do esbulho praticado pelo Governo do Pará, da riqueza que existe por aqui quase nada vai sobrar para esta população, se o Estado continuar grande como é. O sul e sudeste paraense tem as piores estradas; Marabá, por exemplo, cidade pólo regional, é a mais violenta do Pará. O aeroporto da cidade, que se tornou o único da região a receber aviões com capacidade superior 150 pessoas, tem o pior terminal de passageiros. Uma terceira grande companhia pretende operar no município, mas não se sabe como comportar o fluxo de passageiros na área de embarque e desembarque. O governo do Estado é quase ausente: a saúde é das mais precárias, assim como a educação.

A região que pretende a separação, com a criação do Estado de Carajás, não é formada somente de imigrantes, também existem paraenses, como eu, mas que também sou favorável à divisão do Pará. Há muita paixão no discurso da professora, quando afirma “defendo a união de nosso vasto e lindo Pará. União é a palavra. União.” Ela só vê a beleza natural, não a desgraça de quem mora longa da capital.

Convicto de suas palavras serem passionais, ela tem os separatistas como inimigos quando diz que “retalhadores jogam todo tipo de mentira para dividir o que não é deles.” Da mesma forma, os moradores do sul e sudeste paraense tem certeza que este território não é de Amarílis Tupiassu. Esta parte é do povo que habita aqui e não de quem mora fora.

Também, a divisão do Estado não é uma “ação salvadorista” como pensa a professora, mas uma estratégia de melhoria de vida das três regiões, que ficarão mais enxutas, próximas de seus governantes e com mais capacidade político-administrativa e ganho de poder junto ao governo federal.

A propósito, com a divisão do Pará, a parte mais ao norte, que tem Belém como capital, será ainda a mais rica. Em segundo lugar, ficará o Estado de Carajás; e, em terceiro, virá o Estado do Tapajós, que será mais rico do que muitos estados brasileiros. Portanto, pensar contra a divisão é puro egoísmo do pessoal da capital. Aliás, o município de Belém não produz uma hortaliça, vive praticamente de comércio e prestação de serviços, nem por isso deixará de ser a cidade mais poderosa do Norte do Brasil, mesmo sendo o Estado dividido.

Quanto à comparação da professora às divisões do Nordeste brasileiro, que segundo ela geraram estados miseráveis, Tupiassu escondeu comparações mais relevantes: Os últimos estados criados no Brasil foram Mato Grosso do Sul e Tocantins. Amarílis não quis se reportar que a malha viária do Estado do Tocantins é muito superior a do Pará e Mato Grosso do Sul é hoje tão rico quanto o Estado mãe. E mais, a pobreza não é fruto do tamanho do Estado ou nação, mas do modo de administração destes. O Japão é menor que o Brasil, que a Rússia e a maioria dos países africanos. E o Pará é maior do que a França. Não preciso dizer mais nada.

*O autor é jornalista – jbatista0348@hotmail.com