quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Jatene: o que será dele após o plebiscito? - Nelson Vinencci


Nunca foi esperado pelo governador Simão Jatene que o plebiscito vingasse, e que logo no início de seu segundo mandato ele fosse ter que passar por uma ingrisilha dessas sobre a divisão do Pará.

Sabemos que a articulação em Brasília, que mexeu com a turma do alto clero – ACM Neto (DEM), senador Blairo Maggi (PR), ex-deputado federal Paulo Rocha (PT) – e do baixo clero – Lira Maia (DEM) e Giovanni Queiroz (PDT) – acabou aprovando, primeiro na Câmara, depois no Senado, o nosso tão esperado plebiscito.

É justamente isso que tem deixado Jatene com insônia, apesar de ele ter mantido sua palavra: “Sou a favor da democracia, que o povo seja ouvido”. Tudo certo, mas as circunstâncias da criação do Tapajós e Carajás estão tomando outro rumo, um caminho perigoso e incerto – para ele, claro.

É o seguinte: a parte do Tapajós que quer o novo estado mais a parte do Carajás que também sonha com a emancipação está confiante que tudo vai dar certo, e que plebiscito lhes vai ser favorável. Os emancipacionistas somam quase metade dos votos no Pará.

Já Belém e seu entorno está dividida. Os que são totalmente contra a criação dos 2 novos estados estão cobrando do governador paraense mais empenho, para que ele evite a tal separação. Aí é que a coisa começa a complicar para o lado de Jatene, empurrando-o pra boca do leão.

Jatene tem ficado quieto. Evita demonstrar ser favorável ou contrário à criação de Tapajós e Carajás, mas o que acontece de fato é que se o ‘SIM’ vencer, ele vai comprar uma briga feia com os belenenses. Se, ao contrário, o “NÃO” ganhar, oeste e o sul do Pará vão declarar guerra ao tucano.

Ou seja, Jatene tá num beco sem saída.

Os separatistas se articulam, lotando os cartórios eleitorais do oeste e do sul do Pará, enquanto isso há claro esvaziamento do eleitorado na capital e a parte do ‘NÃO’ entra em colisão, pois para os de Belém está também em jogo a prefeitura daquela cidade.

A campanha nem começou e o deputado federal José Priante (PMDB), desconfiado que o Zenaldo Coutinho (PSDB) vá aparecer na TV, se aproveitando da campanha do “NÃO” para ganhar voto para a Prefeitura de Belém em 2012, bateu na porta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e está pedindo a Justiça barre Zenaldo da TV qualquer maneira, por uma espécie de campanha para prefeito antecipada.

Priante, por isso, quer seja mudada a regra da campanha do plebiscito e pede, pelo amor de Deus, que o TSE não deixe Zenaldo, Jordy, Valdir Ganzer e outros papagaios de piratas aparecerem na televisão fazendo campanha contra ou a favor da divisão.

Assim, enquanto Jatene, pescador matreiro, tenta se confessar com nosso vice, Helenilson Pontes, que adora dar conselhos, os aliados de sustentação do seu governo, incluindo aí Priante, Zenaldo, Jordy, Lira Maia e Giovanni Queiroz, começam uma guerra que ninguém ainda sabe em que vai dar.

Uma coisa é certa: ninguém sabe o que vai ser de Simão Jatene depois do plebiscito.

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* É cantor, compositor nascido em Oriximiná e residente em Santarém. Escreve regularmente neste blog.

Fonte: blog do jeso (jesocarneiro.com.br))

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